Nos dias atuais o sucesso individual é uma das características mais valorizadas pela sociedade. Esse tipo de vitória estimula grandes feitos individuais na mesma medida que apaga ou desencoraja feitos em grupo. A aclamação por um líder, um herói e um mito, é mais desejada, muitas vezes, do que um elenco entrosado, consistente e regular, no qual, seus membros possuem prestígio equiparado e habilidades próximas. Desde a separação de conjuntos musicais, que buscam carreira solo, como em corporações onde os líderes se vangloriam, muitas vezes sozinhos, e se beneficiando das bonificações da vitória não repassando parte desse sucesso à sua equipe, afinal, ninguém faz nada (ou quase nada) sozinho. Líderes religiosos que se enriquecem às custa de fiéis, individualizando seu sucesso como um sinal divino, colocando-se em um posto "abençoado" acima dos demais, ou até mesmo um pai de família que mente a si mesmo dizendo que faz tudo sozinho na casa.
Esse individualismo reflete em todas as camadas, aqueles que conseguem se tornar "anti-frageis" dão pouca importância a isso e continuam vivendo da mesma forma, pouco se importando com o sucesso individual, sendo este apenas uma consequência de seu próprio trabalho individual em prol da sociedade e não o motivo fim, e objetivo de realizações.
Isso causou uma polarização social, algo como dois tipos de pessoas, os que se adaptam bem a esse mundo individualizado, gostam e preferem que seja assim, e os que acabam se tornando solitários. Esses últimos, não sabem ou não conseguem viver em um mundo individual, necessitando de outros que os estimulem, acompanhem e compartilhem, para que o ostracismo não os domine, a solidão não se manifeste e a depressão não os persiga. Seres humanos são criaturas sociáveis, mas a cada dia, os homens preferem se afastar tornando a convivência algo virtual.
Acredito que esse vácuo de convivência dê lugar a pensamentos depressivos e suicidas. Um indivíduo que compartilha seus medos e inseguranças com outros, em geral, tende a superar esses obstáculos, entretanto as amizades virtuais, o distanciamento da família e as relações superficiais, não dão brecha para esse tipo de conversa. Os solitários então se entregam a desafios de auto flagelo, como o da baleia Azul. O objetivo é óbvio, pelo menos para mim, um pedido velado de entrosamento e até de compreensão, mesmo em uma relação distante e prejudicial, no fundo eles tentam fundir tanto o sucesso individual (juntando-se a esses grupos) com a conclusão dos desafios depressivos e suicidas (sendo essas as últimas motivações dos participantes) como uma solução final para um mundo em que eles não se enquadram.
Os jovens estão mais suscetíveis a isso, infelizmente. A baleia Azul acaba sendo um pedido de ajuda, não apenas individual, mas de uma sociedade doente, onde o sucesso, a fama e a vitória (Mesmo que mórbida) promete ao solitário uma platéia para o aplaudir.
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