No dia dos namorados é mais que essencial fazer alguma coisa
especial com o(a) Parceiro(a). Geralmente é quando os homens e mulheres recebem
a inevitável “facada” financeira. Minha esposa diz que eu não sei dar presente
(e essa constatação vem desde os tempos de namoro), entretanto acredito que
estou melhorando. Segundo ela, eu dou presentes que eu gostaria de receber. Não
seria essa a forma mais pura de amor? Dar o que você gostaria de receber? Não
para minha esposa (na época, namorada) e eu não tiro as razões dela.
A história
que vou contar é verídica, e foi quando eu percebi que devia mudar meus hábitos
em dar presentes. Sabe como é, a praticidade é um “defeito” das exatas e dos
homens. A gente acaba dando presentes usuais, eu gosto de receber presentes que
me tem alguma utilidade e caio no erro de achar que todos são iguais. Mas
também acredito que (poucas vezes) minha esposa também já me deu presentes que
ela gostaria de ganhar, com excessos de romantismo e criatividade, contudo
pouco usuais.
A despeito
disso, eu não entendia que o erro era meu, que dar presentes que eu queria
receber não era a melhor maneira de demonstrar carinho. Demorei a perceber que
isso não funcionava. Confesso que minha esposa precisou ser direta para me
fazer entender. Sempre que eu dava um presente, ela sorria me abraçava e
agradecia, por isso sempre achei que eu estava fazendo algo ótimo, e que meu
jeito de abordar essa coisa do agrado estava perfeita.
Foi então
que em certo aniversário de namoro (se me lembro bem), lá fui eu comprar o
presente. Minha esposa costumava acertar com eles, principalmente me dando
diversos livros do Stephen King (qualquer dia falo dele) que eu adoro. Então,
eu acreditava que ganhar livros era ótimo, já minha esposa não era tão
aficionada assim neles. Lá estava eu sendo “magnetizado” para uma livraria
enquanto percorria despretensiosamente o centro comercial.
Olhei os
livros, dei uma vasculhada e até cogitei dar um livro do “Stevie” para ela, mas
ela não gostava das histórias dele. Então, meus olhos fixaram-se em um livro Uma Mente Brilhante de Sylvia Nasar. Para
quem viu o filme, aquilo era um achado e tanto. Eu havia assistido a película,
achava a abordagem do matemático John Nash incrível, além de ser uma lição de
vida e superação. John Nash foi muito conhecido com seus trabalhos sobre teoria
dos jogos, além de ser ganhador do Nobel de economia. Por isso, assim que
avistei sua biografia quis logo compra-la. Que presente seria melhor que esse?
Minha namorada iria adorar, eu tinha certeza.
Mas não
para por ai, bom namorado como eu era, já pensei lá na frente, queria dar o kit
completo da felicidade. Ela havia acabado de gastar 4 meses de salário em um
laptop, era o novo xodó dela. Por isso pensei “Ela precisa de uma caixinha de
som para ele e um mouse”. Logo, completei o presente perfeito, a biografia do
John Nash, uma caixinha de som para computador e um mouse rosa (olha como sou
romântico).
Quando
chegou o dia, saquei da minha inseparável mochila o livro. Dei com toda a
felicidade do mundo aquele manuscrito à minha namorada (hoje minha esposa). Ela
esboçou, notoriamente, um sorriso totalmente forçado – sério – o esforço que
ela fazia para sorrir com o presente devia estar fazendo doer seus músculos
faciais. “Qual é o problema?” pensei. Não me dei por vencido, olhei para ela e
disse “Mas não é só isso, tem mais.” Ela soltou um sorriso aliviado, eu juro.
Soltou o ar dos pulmões piscando longamente os olhos e em seguida uma risada
descontraída.
Então eu
apresentei o restante do presente. Coitada, ela não conseguiu mais disfarçar, o
alívio que sentiu poucos segundos antes se esvaiu por completo. “É esse o
presente?” perguntou em voz trôpega. “Sim! Gostou?” – “Ai amor...” Foi a
resposta dela. A menina estava sem vida. Parecia que havia acabado de correr
uma maratona e ficado em último lugar. Sua feição era cansada e frustrada.
Eu não conseguia
entender qual era o problema. Um presente perfeito desses. Um livro
maravilhoso, uma caixinha de som para ouvir os documentários na internet e um
mouse rosa (olha que mimo). Qual era o problema? “Não gostou do livro?”
Arrisquei. Ela apenas respondeu que não era “o estilo de leitura dela”. “Tudo
bem. Eu fico com ele. Sem problemas. Parece um livro ótimo”, essa foi minha
resposta, problema resolvido. As exatas não são o máximo? Se ela não quer eu
quero. Simples.
Não, não é tão
simples. Eu juro que não entendi a frustração dela com o presente (e até hoje
eu acho que o livro foi um presente excelente), mas não era isso que ela
esperava, e levou um tempo até eu descobrir. Levou exatamente o tempo até que
ela me contasse. Imagino que se você for mulher, ou até um homem um pouquinho
de nada sensível, já deve ter entendido qual foi o problema do presente, juro
que não entendi até que ela foi clara comigo. Ela simplesmente esperava um
presente que a fizesse se lembrar da gente, algo que a fizesse se sentir amada.
Uma flor tirada da rua seria melhor, segundo ela.
Para mim
não fazia sentido, todavia entendi. Entendi que presentes são para fazer as
pessoas se sentirem especiais, amadas e lembradas de uma forma especial.
Entendi que cada data para minha esposa tinha uma conotação de presente
diferente (para mim qualquer dia de presente é presente, tanto faz), cada
situação fazia diferença na hora de escolher o que dar, ou fazer. Entendi com
ela que presentes nem sempre são comprados, e mais importante, que um presente
serve para fazer as pessoas se lembrarem de você através de algo que as faça
feliz.
Esse é o lado sensível masculino, principalmente de um engenheiro.
ResponderExcluirhahaha
ExcluirKkkkkkkk aí como eu sofro!!!
ExcluirIaaaaannn.. lê esse post please!!!!!!
ResponderExcluir